A PRÁTICA DO PERDÃO
- Leonardo&Suzanne
- 10 de nov. de 2022
- 6 min de leitura
Atualizado: 12 de nov. de 2022
2ª edição - revista e ampliada
E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; (...)
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
(Evangelho de Mateus 6:12 e 14-15 – Tradução: ACF)
Na oração do PAI NOSSO, JESUS nos ensina a pedir perdão a DEUS. Ora, para isso, devemos ter a consciência de que pecamos e que nossos pecados ofendem a santidade do SENHOR.
De fato, “(...) todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (...)” (Romanos 3:23 – Tradução: NVI).
Por outro lado, vale a pena pedir perdão a DEUS porque ELE quer nos perdoar. JESUS CRISTO, na condição de DEUS FILHO, santo e imaculado, ofereceu o sacrifício perfeito pelos nossos pecados (Hebreus 9:14), entregando-SE para permitir que nós possamos ter comunhão com DEUS (Romanos 5:1-2).
Todavia, importante notar que a oração do PAI NOSSO nos ensina a pedir ao SENHOR para nos perdoar assim como nós perdoamos aos que que pecam contra nós.
Como visto, o perdão de DEUS vem quando nos arrependemos e cremos na obra de JESUS como suficiente para nos salvar.
Assim, “o perdão de Deus aos pecados não é o resultado direto do fato de que perdoamos os outros”[1].
Por outro lado, quando não perdoamos as outras pessoas não alcançamos o perdão de DEUS, pois, “quando não perdoamos os outros, estamos negando nossa característica comum de pecadores que precisam do perdão de Deus”[2].
Logo, quando não perdoamos ao próximo ainda não atingimos a compreensão de quem nós somos e da necessidade de obtermos o perdão de DEUS.
Essa falta de compreensão é incompatível com a possibilidade de se atingir o verdadeiro arrependimento dos pecados, pois, primeiramente temos que detectar a necessidade de arrependimento; depois, decidimos se nos arrependeremos ou não.
“A recusa em perdoar fecha nosso coração à misericórdia de Deus”.[3]
Quando não temos a consciência ou o arrependimento dos pecados, não podemos obter o perdão ofertado gratuitamente por Jesus por intermédio de seu sacrifício na cruz do calvário.
“A adição das palavras como nós temos perdoado aos nossos devedores está mais enfatizada nos versículos 14 e 15, que se seguem à oração e declaram que o nosso Pai nos perdoará se perdoarmos aos outros, mas não nos perdoará se nos recusarmos a perdoar aos outros. Isto certamente não significa que o perdão que concedemos aos outros garante-nos o direito de sermos perdoados. Antes, Deus perdoa somente o arrependido, e uma das principais evidências do verdadeiro arrependimento é um espírito perdoador.”[4]
Se não vivemos uma vida compreendendo e praticando o perdão, ainda não estamos vivendo de fato na graça – presente imerecido – concedida por CRISTO.
No Evangelho de Mateus, capítulo 18, versículos 23-34, JESUS nos conta uma parábola que retrata lapidarmente o fato de que a incapacidade de perdoar aos nossos semelhantes demonstram a falta de compreensão da nossa – imensa e inescapável – necessidade de sermos perdoados por DEUS, bem como que deixa evidente que essa falta de compreensão nos impede de obtermos o perdão divino.
Na história, conhecida também como parábola do credor incompassivo ou do servo impiedoso, um rei decidiu cobrar um servo que lhe devia 10.000 (dez mil) talentos. Tratava de uma dívida astronômica. Um talento equivalia “de seis a dez mil dinheiros ou denários (um denário era o salário mínimo de um operário pelo trabalho de um dia).”[5].
O servo não tinha como pagar. Por esse motivo, ele, sua mulher, seus filhos e tudo quanto tinha deveriam ser vendidos.
Todavia, esse servo pediu ao rei que fosse generoso e lhe desse uma oportunidade, para que a dívida pudesse ser paga.
O rei soltou o servo e fez mais do que o solicitado: Perdoou toda a dívida. Até mesmo porque uma dívida daquele tamanho era impagável.
Contudo, esse servo – que recebeu tamanho perdão – não foi capaz de perdoar um conservo que lhe devia 100 (cem) denários. Ao contrário, cobrou a dívida enquanto o sufocava e, mesmo após esse conservo rogar por generosidade, levou-o à prisão.
Portanto, o servo teve o perdão de uma dívida que girava entre sessenta e cem milhões de denários. Todavia, não perdoou uma dívida de cem denários.
Em razão disso, o rei, quando soube da falta de compaixão do servo que foi perdoado, chamou-o a sua presença, repreendeu a maldade dele e revogou o perdão outrora concedido.
"Então o senhor chamou o servo e disse: ‘Servo mau, cancelei toda a sua dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você? ’”
(Evangelho de Mateus 18:33-33 – Tradução: NVI)
Após contar a parábola, JESUS assim ensina: "Assim também lhes fará meu Pai celestial, se cada um de vocês não perdoar de coração a seu irmão" (Evangelho de Mateus 18:35 – Tradução: NVI).
Em suma, as pessoas que possuem verdadeiro arrependimento devem ter capacidade de perdoar, por saberem que o perdão que DEUS lhes deu foi imerecido e que as dívidas perdoadas, isto é, os pecados perdoados eram humanamente impagáveis. Daí a necessidade do (alto) preço pago por JESUS na cruz do calvário – um sacrifício doloroso, santo, perfeito e divino.
Quando os nossos olhos são abertos para vermos a enormidade de nossa ofensa cometida contra Deus, as injúrias dos outros contra nós parecem, comparativamente, muitíssimo insignificantes. Se, por outro lado, temos uma visão exagerada das ofensas dos outros, é uma prova de que diminuímos muito a nossa própria. A disparidade entre o tamanho das dívidas é o ponto principal da parábola do credor incompassivo.[6]
Portanto, se não compreendemos, nem vivemos o perdão, não conseguimos o perdão ofertado gratuitamente por JESUS CRISTO.
Importante também termos em mente que nunca deveríamos pedir a DEUS que fizesse algo que não faríamos aos nossos semelhantes.[7]
Nesse ponto, oportuno lembrar que a Palavra assim nos ensina: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia (...)” (Evangelho de Mateus 5:7 – Tradução: ACF)
Ainda em relação ao perdão, resta evidente que a Bíblia apresenta aos cristãos um alto padrão: Devemos perdoar-nos “uns aos outros” como também Deus nos “perdoou em Cristo” (Efésios 4:32 – Tradução: ACF); devemos perdoar “uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro”, da mesma forma que CRISTO nos perdoou (Colossenses 3:13 – Tradução: ACF).
Isso nem sempre é fácil. Aliás, costuma ser bem difícil.
Todavia, é uma necessidade da vida cristã, isto é, devemos perdoar. DEUS assim determina.
Devemos obedecer ao SENHOR ao invés de arranjarmos desculpas ou argumentos para a desobediência.
Obedecer a DEUS implica em perdoar sempre.
O ato de perdoar não pode estar vinculado a qualquer sentimento, isto é, não temos que esperar “sentir de perdoar” para liberar perdão.
Quem esperar sentir, dificilmente irá perdoar.
Perdão é uma atitude. Devemos decidir perdoar e assim praticarmos a ação de perdoar. Trata-se de um comportamento objetivo, prático e concreto.
Devemos viver na prática do perdão – e não no sentimento do perdão.
Quem não perdoa não é perdoado por DEUS e, assim, não está em comunhão com o SENHOR.
DEUS quer que perdoemos a todos – sempre, continuamente e sem demora.
Decidir perdoar está dentro do nosso livre-arbítrio, mas, como visto acima, viver a prática do perdão demonstra que compreendemos que também precisamos ser perdoados não só pelo SENHOR, mas também pelo nosso próximo.
Logo, à luz do cristianismo é fundamental que nossa decisão seja sempre no sentido de perdoar.
Ademais, o fato de estar dentro do nosso livre-arbítrio não impede de buscarmos auxílio do SENHOR para conseguirmos viver essa experiência.
Na verdade, sem a ajuda de CRISTO não temos forças para viver a vida cristã.
Logo, devemos pedir a DEUS que nos capacite para sermos perdoares.
SENHOR DEUS, que perdoemos sempre, continuamente e sem demora e nunca deixemos de perdoar a quem quer que seja, em nome de JESUS. Amém!

[1] Comentário ao Evangelho de Mateus 6:14-15 em Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Tradução: Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1861. [2] Comentário ao Evangelho de Mateus 6:14-15 em Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Tradução: Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1861. [3] Comentário ao Evangelho de Lucas. French L. Arrington. Em Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. Editado por French L. Arrington e Roger Stronstad. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. 2ª ed. p. 391. [4] A mensagem do Sermão do Monte: contracultura cristã. John R. W. Stott. São Paulo: ABU Editora, 2001, 3 ed, p. 154. [5] Comentário ao Evangelho de Mateus. James B. Shelton. Em Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. Editado por French L. Arrington e Roger Stronstad. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. 2ª ed. p. 108. [6] A mensagem do Sermão do Monte: contracultura cristã. John R. W. Stott. São Paulo: ABU Editora, 2001, 3 ed, p. 154. [7] Comentário ao Evangelho de Lucas. French L. Arrington. Em Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. Editado por French L. Arrington e Roger Stronstad. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. 2ª ed. p. 391.
Comentários